8 de Março – Saudamos todas e todos e conclamamos pelo direito à vida das mulheres

Ano passado comemoramos o centenário da Revolução Russa e o centenário da primeira greve geral no Brasil, marcando a memorização de um período de organização da classe trabalhadora em que a participação das mulheres foi de fundamental importância. Nesse contexto, o 8 de Março se destacou historicamente pela luta das mulheres por melhores condições de vida e de trabalho: são reivindicações que pautam a igualdade nas relações mútuas; pelo reconhecimento de direitos iguais não proprietários e pela superação do amor-romântico (motor propulsor da ordem patriarcal que naturaliza o feminicídio que, hoje, representa cerca de 30% dos assassinato de mulheres ocorridos dentro de suas casas, ou seja, praticados por seus parceiros e ex-parceiros); pela luta contra o assédio e a violência praticados contra as mulheres no dia-a dia da vida cotidiana (agravadas ainda mais no caso das mulheres negras e LGBTs); pelo sufrágio universal (cujo centenário celebramos neste  ano de 2018); por representação e participação política. Contudo, reconhecemos haver, ainda, um longo caminho a ser percorrido!

Nós da Chapa 1 – Andes Autônomo e de Luta, conclamamos a todas as companheiras e companheiros para ocuparem as ruas neste dia 08 de março, tendo em vista que a classe trabalhadora está pagando a tão mencionada “crise” com arrocho salarial; demissões; aumento do valor das passagens do transporte público; inflação; alta do preço dos alimentos; impostos, etc. Vale lembrar que, em relação às mulheres, essa condição se agrava duplamente, pois ao mesmo tempo em que houve um aumento da participação das mulheres nas chefias das famílias nos lares brasileiros, nos defrontamos com contrarreformas que obstaculizam o crescimento econômico e político destas mesmas mulheres.

As emendas constitucionais apresentadas pelo governo de conciliação de classe, implementadas pelo governo golpista, como a PEC 287/16, se configuram verdadeiros “garrotes”. A justificativa governista se volta para o fato de o sexo feminino ter maior expectativa de vida. Em média, o tempo de vida da mulher brasileira é de 79,1 anos, enquanto a do homem é de 71,9 anos. Entretanto, este projeto não leva em consideração a opressão do machismo, do racismo, da misoginia e da lgbtfobia que prejudicam o cotidiano da mulher no mundo do trabalho.

Consideramos ainda que as mulheres do campo, as indígenas, as trabalhadoras domésticas, as negras e também as servidoras públicas serão as que mais sentirão os ataques desta proposta de contrarreforma, visto que a tentativa do governo golpista é de desmantelar o serviço público por meio de sua “satanização”- os regimes próprios dos servidores públicos, tal como sua integralidade, serão extintos, bem como o acúmulo de pensão por morte. Desta forma, a contrarreforma é mais uma manifestação de transfiguração dos direitos sociais em mercadoria, direitos sociais esses, conquistados por meio de árduas lutas.

Também o corpo da mulher trabalhadora é visto como mercadoria. O texto substitutivo da PEC 181/2015 é um verdadeiro retrocesso no que diz respeito aos direitos sexuais e reprodutivos: apela para a centralidade da maternidade que visa, inicialmente, contribuir para o aumento da licença maternidade e, por meio de manobras patriarcais, corrobora para a criminalização e marginalização das mulheres pobres e trabalhadoras, uma vez que restringe a já muito limitada prática legal do aborto.

Assim como na Revolução Russa, no Brasil, a resistência feminista é também expressão da luta das Mulheres que impulsionou a queda do ex-deputado Eduardo Cunha, fazendo com que fundamentalistas religiosos recuassem; resistência que contribuiu para a realização da maior greve dos últimos 50 anos no país (no dia 28 de abril de 2017).

Desse modo, nós da Chapa 1, ANDES AUTÔNOMO E DE LUTA!, parabenizamos todas as companheiras engajadas na luta feminista, anticapitalista e anti-imperialista, e apontamos para a necessidade de formarmos quadros com mais mulheres no interior de nossas organizações políticas. Lembramos que, para que a lógica patriarcal seja superada, é necessário superarmos as relações consubstanciais que o sustentam e, portanto, nossa luta é pela superação do capitalismo, do  racismo, do machismo e heterossexismo.

  • Pela denúncia e combate diário à violência doméstica!
  • Pelo fim do extermínio das mulheres!
  • Pelo fim de toda forma de machismo, misoginia, lgbtfobia, capacitismo e racismo nas escolas, colégios de aplicação, CEFET e na universidade!
  • Pelo fim do abuso e do assédio sexual de mulheres no ambiente educacional e profissional!
  • Por salário e direitos iguais para trabalhos iguais!
  • Por melhores condições de trabalho! Chega de jornadas contínuas e ininterruptas!
  • Pelo fim das demissões e arrocho dos salários!
  • Pelo aumento da licença paternidade e maternidade!
  • Por mais creches públicas, gratuitas e de qualidade!
  • Por políticas de permanência às mães estudantes!
  • Pela legalização do aborto!
  • Por uma sociedade em que tenhamos direito à vida!

1 comentário Adicione o seu

  1. Marcia Costa disse:

    A luta é grande mas juntas somos mais fortes.

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